Publicado em 23 de março de 2025
As Pirâmides de Gizé, no Egito, há muito tempo fascinam a humanidade como um dos maiores feitos arquitetônicos da antiguidade e uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo ainda de pé. Construídas há mais de 4.500 anos, elas guardam segredos que continuam a intrigar arqueólogos, historiadores e cientistas. Recentemente, uma alegação bombástica trouxe um novo capítulo a essa história milenar: a descoberta de uma suposta "cidade subterrânea" abaixo das pirâmides. Mas será que essa revelação é um marco revolucionário ou apenas mais um exagero sensacionalista? Neste artigo, exploraremos os detalhes dessa notícia, as evidências apresentadas e as controvérsias que a cercam.
O Anúncio da Descoberta
No início de 2025, um grupo de pesquisadores italianos e escoceses afirmou ter identificado uma vasta rede de estruturas subterrâneas sob o Planalto de Gizé, que abriga as icônicas pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, além da Grande Esfinge. Segundo os cientistas envolvidos, liderados por nomes como Corrado Malanga, Filippo Biondi e Armando Mei, a descoberta foi feita utilizando tecnologias avançadas de radar e sonar, capazes de mapear o subsolo em profundidades impressionantes. Eles descrevem uma "cidade complexa" com formas cilíndricas, estruturas cúbicas e passagens interligadas, que se estenderia por até 2.000 metros abaixo da superfície e seria "dez vezes maior" que as próprias pirâmides.
A porta-voz do projeto, Nicole Ciccolo, destacou que a análise de imagens tomográficas obtidas por Synthetic Aperture Radar (SAR) revelou poços verticais sob a Pirâmide de Quéfren, alcançando 648 metros de profundidade, além de cinco complexos de vários níveis conectados por corredores. Em um comunicado, ela afirmou: "A descoberta de uma vasta cidade subterrânea, que acreditamos ser a lendária Amenti, redefine completamente nossa compreensão sobre o complexo das pirâmides e a civilização que as construiu." A referência aos "Salões de Amenti", uma estrutura mítica mencionada em textos espirituais do Egito Antigo, adicionou um tom intrigante à narrativa.
Uma Revolução Arqueológica?
Se confirmada, essa descoberta poderia transformar o que sabemos sobre o Egito Antigo. Tradicionalmente, as pirâmides são vistas como tumbas monumentais projetadas para abrigar os faraós e seus bens na jornada ao pós-vida. No entanto, os pesquisadores por trás do estudo sugerem que essas estruturas tinham um propósito muito maior. Eles propõem que as pirâmides poderiam funcionar como "câmaras de ressonância" ou centros de uma civilização subterrânea sofisticada, desafiando a visão convencional de que eram apenas monumentos funerários.
A escala das estruturas relatadas é impressionante. Segundo os cientistas, a cidade subterrânea abrangeria uma área vasta o suficiente para conectar as três principais pirâmides de Gizé, com câmaras gigantescas e poços que rivalizam em tamanho com as construções acima do solo. Essa ideia ressoa com teorias alternativas que há décadas especulam sobre túneis e câmaras ocultas sob o planalto, muitas vezes associadas a mitos e lendas.
Controvérsia e Ceticismo
Apesar do entusiasmo dos pesquisadores, a comunidade científica reagiu com cautela e, em muitos casos, com ceticismo contundente. Especialistas renomados em egiptologia rapidamente questionaram a validade das alegações. Zahi Hawass, ex-ministro de Antiguidades do Egito e uma das figuras mais influentes na arqueologia egípcia, foi categórico ao refutar a descoberta. Em entrevista ao jornal The National, ele declarou que décadas de pesquisas com radares e tecnologias similares nunca indicaram a presença de uma cidade subterrânea. "As alegações são completamente erradas e carecem de base científica", afirmou.
Lawrence Conyers, arqueólogo da Universidade de Denver e especialista em tecnologia arqueológica, também expressou dúvidas. Ele argumentou que os equipamentos de radar atuais não têm capacidade de penetrar com precisão a profundidades tão extremas, como os 2.000 metros mencionados. "Pequenos espaços ou câmaras podem existir sob as pirâmides, mas a ideia de uma cidade subterrânea é um grande exagero", disse Conyers ao Daily Mail. Ele acrescentou que apenas escavações direcionadas poderiam confirmar tais alegações, algo que ainda não foi realizado.
Outro ponto de crítica é a falta de revisão por pares. O estudo, baseado em um artigo publicado em 2022 na revista MDPI Remote Sensing, não passou pelo processo de validação independente que é padrão na comunidade científica. Isso levanta questões sobre a credibilidade dos métodos e das interpretações apresentadas pelos pesquisadores.
O Que Sabemos Até Agora?
Embora a descoberta de uma cidade subterrânea completa permaneça controversa, não é a primeira vez que o subsolo de Gizé revela surpresas. Em 2023, cientistas do projeto ScanPyramids identificaram um corredor oculto de nove metros na Grande Pirâmide, e em 2024, uma estrutura em forma de "L" foi encontrada a poucos metros de profundidade perto do cemitério ocidental de Gizé. Essas descobertas sugerem que ainda há muito a ser explorado no complexo, mas nenhuma delas aponta para algo tão grandioso quanto uma cidade subterrânea.
Além disso, estudos recentes confirmaram que as pirâmides foram construídas próximas a um antigo braço do rio Nilo, o "Braço de Ahramat", que facilitava o transporte de materiais. Essa conexão com o ambiente natural pode ter influenciado a escolha do local, mas não explica as estruturas subterrâneas alegadas.
O Futuro da Pesquisa
Por enquanto, a suposta cidade subterrânea sob as Pirâmides de Gizé permanece no campo da especulação. Para que as alegações sejam levadas a sério, serão necessárias evidências mais robustas, como escavações físicas e análises independentes dos dados de radar. Até lá, a descoberta divide opiniões: para alguns, é uma janela para um passado desconhecido; para outros, uma narrativa sensacionalista que explora o fascínio duradouro pelas pirâmides.
O Egito Antigo continua a nos surpreender, e cada nova pesquisa traz a promessa de desvendar mais sobre essa civilização extraordinária. Seja uma cidade perdida ou apenas um eco de interpretações exageradas, o mistério das pirâmides mantém seu poder de cativar e inspirar. Fique ligado no O Mundo E Suas Histórias para mais atualizações sobre essa e outras jornadas pelo passado!
Créditos: Este artigo foi produzido pelo blog O Mundo E Suas Histórias, com base em informações disponíveis em fontes como UOL Notícias, O Globo, R7, Olhar Digital e Metrópoles, publicadas em março de 2025.
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